Liberdade. Quanto peso carregam essas nove letras, não é mesmo? Esse texto nasceu da liberdade. E justamente por ter nascido dela é que ela foi o tema escolhido. Explico: há quase três anos, eu faço meus horários e tenho liberdade para trabalhar quantas horas por dia for necessário – para mais ou para menos. Dentro das minhas responsabilidades, escolho também o que e como quero produzir.

E uma dessas recentes demandas que abracei foi transformar o nosso espeto de pau em ferro, afinal, na Seppia produzimos conteúdo (e com prazer!) para os mais variados clientes dentro dos mais variados temas, mas faltava o nosso próprio conteúdo. Então resolvi começar. E falando dela: minha amada liberdade.

Refleti sobre como escrever esse texto de diversas maneiras. E, embora não tenha pontuado abaixo, acho que essa é a lição número 1 da liberdade: ela te permite tantas e tantas possibilidades, que às vezes quem se limita é você mesmo. E eu me limitei a cinco itens:

 

1 – Ela permite viver em verdade

Eu nunca fui tão verdadeira comigo mesma e com os outros. Parece redundante, mas a liberdade é libertadora. A sensação de poder ser verdadeiro com você mesmo e com os outros é indescritível. Se por definição do dicionário Aurélio, liberdade é o “direito de proceder conforme nos pareça, contanto que esse direito não vá contra o direito de outrem”, ser sincero consigo e com as pessoas não fere ninguém.

E quando falo em ser sincero é eu poder dizer “não”, é eu admitir que “não estou a fim”. E dizer aos meus colegas de trabalho que estou “mal humorada e não quero ver ninguém hoje”, é dizer para eles também que “estou com saudades”, pois isso é verdadeiro. É falar para clientes que estou trabalhando de casa e não no escritório. Ou ainda, que eu só trabalho no período da tarde. E qual é o problema nisso? Nenhum!

 

2 – Ela revolucionou minha maneira de trabalhar

Sendo assim, ao menos para mim, o “trabalhar” tornou-se muito menos trabalhoso e muito mais prazeroso. Sei que quando estou trabalhando, estou conectada e dedicada àquela função. Agora, por exemplo, são 22h18. Estou em casa, em minha cama, à meia-luz, e me veio a inspiração. Quero escrever agora e mão me sinto lesada ou explorada por isso. Assim como sei que não irei ganhar hora extra. Mas o que vale mais? Fica a reflexão. A minha resposta, eu sei.

Acredito que, se bem trabalhada, a liberdade pode trazer um compromisso muito mais fiel para qualquer tipo de relação – seja contratado trabalhador, seja afeição amorosa. Parece clichê, mas aquela premissa do pássaro que retorna mesmo com a gaiola aberta, para mim, é real.

É fácil? Não! – é muito mais fácil eu escrever esse texto do que viver tudo isso -. Ao mesmo tempo em que a liberdade é muito prazerosa, ela pode ser dolorosa, pois tira um pouco da sua sensação de pertencimento. Como lidar com o não-pertencer ou pertencer a tudo e todos? É um pouco do cão com vários donos que acaba morrendo de fome.

 

3 – Ela exige (muita) responsabilidade

Como nem tudo são flores, considero que a liberdade, especialmente no ambiente de trabalho, exige muita responsabilidade, especialmente pela sensação: você consigo mesmo. É preciso estar ligado, atento. Conectar seus desejos, suas responsabilidades, sua consciência. É preciso olhar para dentro, se entender, saber para onde está indo e como quer percorrer esse caminho, se a pé, de bike, carro, avião… Só você pode dizer!

A questão é: seja qual for o meio que a gente usa para se locomover, seja qual a velocidade, precisamos ter segurança – e ela é um reflexo da responsabilidade.

 

4 – Ela cobra o que proporciona

A liberdade te vincula muito mais. A liberdade é honesta. Ela te obrigada a ser honesto.

Esse item complementa um pouco o anterior. Se você tem liberdade para trabalhar duas horas em um dia com pouco trabalho, é preciso entender que em outros você precisará trabalhar por 12 horas seguidas, se necessário. Mas se essa verdade está dentro de si, por que não lidar com ela? Minha consciência é leve nesse sentido. E em todos os casos, eu trabalho com prazer!

 

5 – Ela não existe por completo

Sim. Ela não existe plenamente. Deixei esse item para o final, pois ele desconstrói tudo o que disse anteriormente. E essa é a verdade. A liberdade é quase um estado de espírito também, uma sensação. A liberdade está dentro de cada um de nós. É individual, ao mesmo tempo que é a maneira como lidamos com a sociedade.

Há quem se sinta livre tirando férias uma vez por ano. Há quem precise de um período sabático. Há quem se sinta livre em uma relação monogâmica. Há quem viva o amor livre. Há quem sempre precise de companhia para sentir-se bem. Há quem seja feliz sozinho.

Hoje estou conectada a essa maneira e não me vejo necessariamente adaptada a uma rotina de trabalho padrão, com carga horário a ser cumprida. Horário para entrar ou sair – o que não significa que nunca mais conseguiria viver isso. Até porque a necessidade pode gritar, ou eu simplesmente posso mudar de opinião amanhã. Por que não?

Custo acreditar que essa maneira, a que vivo, seja para todo mundo. Por isso, se você está lendo esse texto e não se identifica com meu estilo de vida e de trabalho: tudo bem! Eu te respeito e longe de mim está impor alguma coisa. Te convido para ficar apenas para saber como penso. E mais! Gostaria de saber como você pensa também.

Me conta?